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Passo a passo para aplicar o Visual Law no seu documento jurídico!

Todos sabemos que a comunicação própria do mundo jurídico é carregada de formalidade. É claro que, muitas das vezes, esse rigor é uma exigência legal e, também, uma prática ensinada aos profissionais do direito desde a faculdade. Esse excesso de formalidade, muitas vezes, mais atrapalha do que traz benefícios. Isso porque, segundo pesquisas realizadas pelo Conselho Nacional de Justiça no ano de 2018, milhões de novos casos são ajuizados a cada ano que, cumulado às extensas petições, aumenta muito o lapso temporal entre a propositura da ação e o proferimento da sentença. Portando, percebe-se que tanto os magistrados quanto os demais servidores que manuseiam o processo não possuem tempo suficiente para ler textos exageradamente grandes e, muitas vezes, desnecessários.
Aprendemos que “advogado bom é aquele que muito argumenta e muito escreve”. Porém, de nada adianta tais habilidades se os seus clientes não conseguem compreender a mensagem transmitida, tornando os seus documentos pouco efetivos.
Hoje, mais do que nunca, é necessário que os advogados mudem a forma de se comunicar. Essa mudança na comunicação deve partir da eliminação de excessos. Por esse motivo, é necessário que os advogados busquem utilizar argumentos descomplicados, simples e eficazes, o que pode ser feito com a ajuda do Visual Law.
O Visual Law, que está inserido no Legal Design Thinking, possibilita a representação da informação jurídica de forma visual, focando sempre no que o leitor ou o cliente necessita, transformando o texto em uma mensagem visualmente clara e compreensível para qualquer pessoa.
Para isso, ao elaborar um documento, contrato ou petição, o advogado deve se atentar não só em melhorar a parte textual, mas também a visual, por meio da inclusão de elementos que são poderosos instrumentos de comunicação. Para te ajudar nisso, vamos mostrar alguns recursos do Visual Law e como utilizá-los:
1) Foco no conteúdo
Elabore o texto e priorize a clareza da mensagem: ele não só pode, como deve ser formal, mas sem o uso excessivo de jargões técnicos, o famoso “juridiquês”, o que torna o texto mais compreensível.
2) Para quem é o documento?
O advogado deve redigir o texto pensando na experiência do leitor/usuário. Tente entender as suas necessidades, seus desejos e as suas percepções, buscando sempre a sua satisfação.
3) Qual é o objetivo do documento?
Resolver o problema do cliente deve seu principal objetivo. Sabendo qual é o problema, você poderá produzir um texto mais conciso e que priorize apenas o que é realmente importante.
4) Pense em soluções
Como seu cliente (no caso de contratos ou outros documentos) ou o magistrado (petições, recursos etc.) gostaria de ler o documento? Como você poderia tornar melhor a leitura? Seria válido, no caso em específico, o uso de elementos visuais?
Com as respostas em mãos, inicie seu rascunho e comece a adicionar as sugestões a seguir, conforme a possibilidade e a necessidade do caso:
Espaçamento: a ausência de espaçamento torna a leitura mais cansativa. O seu uso torna o texto mais claro e agradável, aumenta a compreensão da mensagem e reforça os pontos mais relevantes. Utilize-o sempre entre elementos, linhas e parágrafos.
Dica: o espaçamento ideal é o tamanho da sua fonte multiplicado por 1,5.
Alinhamento: o alinhamento padronizado facilita a leitura e deixa o documento visualmente mais agradável. Se o texto é extenso, opte pelo alinhamento à esquerda. O alinhamento centralizado ou à direita pode ser usado para textos menores, como títulos e subtítulos, ou quando você quer dar foco ou chamar atenção para uma mensagem;
Hierarquia: define a ordem e a lógica da mensagem, transmite ao leitor as partes mais e menos importantes. Tudo que for mais relevante deve ganhar maior destaque, como títulos e subtítulos. Para criar o destaque, você pode utilizar o negrito, o sublinhado, utilizar elementos, alterar o tamanho da fonte etc.;
Fonte, numeração e cor: Prefira fontes mais simples e versáteis, de fácil leitura e compreensão, atentando-se sempre ao seu tamanho. A numeração de cláusulas, tópicos e itens ajuda na organização visual. Quanto às cores, devem ser usadas para dar contraste e destaque ao texto e aos elementos. Mas cuidado: o uso de forma equivocada ou exagerada pode dificultar a leitura!
Ícones e bullets: segmentam e organizam o conteúdo. Deixam o documento mais visual e ajudam o leitor a identificar e memorizar de forma mais fácil as informações;
Infográficos, storytelling e fluxogramas: explicar os fatos de um caso complexo e os diversos personagens nele envolvidos somente com texto escrito pode gerar certa confusão, podendo o advogado optar pelo uso de infográficos, storytelling e fluxogramas;
Imagens, planilhas e tabelas: para facilitar a leitura e a compreensão do que está sendo apresentado, ao invés de remeter o leitor à um documento anexo, você pode inserir imagens, planilhas e tabelas ao longo do texto. Isso irá fazer com que o magistrado ou outro usuário possa analisar o que está sendo apresentado de forma mais ágil e prática;
Vídeos e QRCodes: advogados podem utilizar QRCodes que dão acesso a informações não textuais que estão fora dos autos, como por exemplo vídeos contendo conteúdo capaz de auxiliar na fundamentação e no melhor entendimento do que está sendo dito;
Contratos
a) Resumo de cláusulas: resuma as principais cláusulas contratuais em sua primeira página. Isso facilitará a análise do documento para quem o manusear, especialmente aqueles não possuem o conhecimento técnico necessário;
b) Concatenação de cláusulas: reunir o mesmo assunto em uma mesma seção torna o contrato mais claro, evita duplicidade e facilita a leitura e a compreensão do documento.
Agora que você já sabe como começar aplicar o Visual Law em seus documentos, você deve escolher uma ferramenta que melhor se encaixe nas suas necessidades, habilidades e conhecimento sobre design.
Em projetos mais elaborados, muitos profissionais, especialmente designers, utilizam o Adobe Ilustrator e até mesmo o Photoshop, os quais exigem um maior nível de experiência, e normalmente são pagos.
Nos projetos mais simples, tanto designers quanto você, advogado, podem optar por ferramentas mais fáceis de manusear, como por exemplo o Word e o Power Point, que fazem parte do nosso dia a dia. Ambos oferecem diversas opções de inserção em de formas, ícones, figuras, imagens, gráficos e outros elementos em documentos, basta usar a criatividade!
Agora, se você quer usar uma ferramenta mais voltada ao design e que seja simples de operar, pode escolher o Canva. Seja pelo site ou aplicativo, é possível utilizar modelos prontos, que poderão te ajudar na hora de criar os seus primeiros documentos.
Apesar de muitos advogados já estarem aplicando o Visual Law na prática, caso você tenha interesse, poderá, ainda, contratar um profissional da área ou até mesmo empresas especializadas na prestação desse tipo de serviço.
Fonte: Jus Brasil
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